Nesse ano, ofereci a educadores éticos um dos possíveis “caminhos das pedras”, para a saída da crise-projeto. Era, tão só, aquele que eu conhecia e que tão bons resultados obtivera – o da Escola da Ponte. Se outros caminhos houvesse, que se apresentassem!
Não era um mero processo de Mudança Educacional, mas da produção da conceção e desenvolvimento de processos de Inovação, através da introdução.
de práticas sociais integradoras e da utilização de modalidades formativas efetivamente transformadoras como o círculo, a oficina, a tertúlia…). As principais caraterísticas dessas modalidades – a praxeologia, o isomorfismo e a firmação do sujeito de aprendizagem – criaram condições de reelaboração da cultura pessoal e profissional dos educadores.
Operamos mudança das práticas, por termos adotado pratica uma “dialética freiriana invertida”. Ao invés do refletir-agir-refletir (ou do académico e inútil refletir-refletir-refletir) começamos pelo agir, refletir e voltar a agir, simultaneamente, “praticando Darcy”. Isso mesmo: já havia saudades do futuro, suavizadas com a inabalável decisão de praticar Darcy. Eu estava na presença de educadores amorosos, desejosos de melhorar a vida das crianças, entregando-se à faina de doar seres humanos humanizados aos mundos que se iam abrindo.
Com bom senso e recurso a uma ciência prudente, adaptando e integrando diversas contribuições teóricas, dispensamos o uso dos paliativos disponíveis no supermercado da formação, e contribuímos para que a Escola Pública não continuasse a ser sucateada e mercantilizada.
“Refizemos Pontes”, partindo da sala de aula e daquilo que éramos, daquilo que sabíamos (ou acreditávamos saber) e do que já sabíamos fazer.
Ao cabo de mais de meio século, voltei a dar aula em sala de aula (física e virtual), porque era essa a competência maior dos professores – o modo como o professor aprendia era o modo como o professor ensinava, como muito bem esclarecia o princípio do isomorfismo na formação. Compreendi que deveria valorizar essa competência.
No processo formativo, que decorreu entre setembro e dezembro, “não jogámos o menino fora com a água do banho”, realizamos integração paradigmática, aproveitamos tudo o que poderia ser útil dos paradigmas da instrução, da aprendizagem e da comunicação. Não operamos ruturas, transições paradigmáticas – refizemos o projeto “FAZER A PONTE”.
Educadores brasileiros fizeram uma “Escola da Ponte no Brasil”. E dirigi convite a educadores portugueses para que refizessem a Ponte em Portugal.
Tratava-se de um processo de formação de formadores, que viria a ser adotado em inúmeras situações e, quando adaptado a diferentes contextos, aplicado em diferentes lugares.
Muitos mestres afirmavam o primado do fazer. Anatole afirmava que para se fazer grande coisas, não bastava sonhar. O Dewey, já no início do século passado, escrevera que aprendíamos “by doing”. O Renato Teixeira cantava que cada ser carregava em si o dom de ser capaz. E o Mestre Yoda avisava:
“Faça, ou não faça! Não existe tentar!”
Toda a caminhada de transformação começaria pelo primeiro passo – pela decisão ética de mudar. Depois, seguindo a via de uma dialética freiriana invertida, começando pelo FAZER… refletindo. Isto é: agindo, refletindo, refazendo.
