A educação é um ato estético, ou não é educação. E a beleza está nos olhos de quem sabe ver e sentir. Quem apenas opte por pensar estará doente dos sentidos, como disse o poeta. Sem o sensível experienciar da beleza, somos impedidos de experienciar o amor e a liberdade, que, juntos, nos conduzem pelos caminhos que levam à sabedoria.Foi Nietzsche quem escreveu:
“A voz da beleza fala delicadamente: ela se move dentro das almas mais iluminadas”.
Um amigo me disse que quem nunca se comoveu com uma suite de Bach talvez nunca tenha existido. Então, seguindo a máxima nietzschiana, por volta de 2025, este vosso avô ousou juntar a poéticos atos de amorosos professores num gesto criador de práxis comunitárias. As dava a conhecer, porque, nos idos de setenta, quando partilhei Vivaldi com os meus alunos, descobri que só amamos aquilo que conhecemos. E fiquei triste, quando conheci o Fábio. O moço queria ser violoncelista, mas decidiu estudar Direito. Disse-me:
“Depois, quando eu tiver um emprego, se verá...”
Muitos jovens se perderam nos labirintos de uma escola sem sentido – como diria o Óscar, muitos professores morreram aos vinte para a vida plena, para serem enterrados aos sessenta.
Para o Murilo e para o Agostinho, a educação deveria formar as pessoas para serem poetas a vida inteira e, se as escolas são pessoas, é de esperar que as os professores que habitam essas pessoas não somente saibam fazer amorosos versos, mas que vivam em poesia.
Para que os professores percorressem o curso da existência a poetizar os seus gestos, a sua visão de mundo deveria traduzir-se no seu projeto de vida.
Sempre que eu ia ao chão das escolas, pedia para ler os seus projetos. Era frequente que a direção das escolas desconhecesse o conteúdo de tal documento e até mesmo o seu paradeiro. Era raro encontrar um professor que o tivesse lido. Raramente encontrei uma escola que o concretizasse.
As práticas eram a negação do projeto escrito. A boniteza andava arredada de prédios de escolas sem alma. Valia-nos a ciência, a arte e a amorosidade de professores, que punham alguma luz em tenebrosos antros.
2025 foi oportunidade de um despertar para essa anómala situação e neutralizar trágicos efeitos de uma educação mentirosa. Septuagenário, me juntei a educadores éticos, para Refazer a Ponte construída em 1976, para regenerar um sistema, humanizar a Educação e conceber uma nova construção social.
No decurso de um congresso me perguntaram:
“Você não está aposentado? Por que continua a fazer projetos?”
“Não sou eu quem os faz. Os projetos humanos são atos coletivos. Eu apenas ajudo” – respondi.
“Mas, está a fazer algum projeto?” – insistiu.
“Estamos a preparar um projeto de comunidades de aprendizagem. Trata-se de um projeto-resposta a décadas de pedidos de ajuda provindos de milhares de educadores, que viram os seus projetos serem destruídos.”
“E, quando acabar esse projeto?”
“Ajudarei a fazer outro.”
“Outro? Qual?”
“Será, certamente, um projeto para acabar com as comunidades de aprendizagem. Deve haver algo melhor, depois disso. Porque “todo cambia, cambia el modo de pensar, cambia todo en este mundo”.
Citei Violeta e Mercedes. Em Portugal, evocaria Camões:
“Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”.
Estávamos em plena 5.0. A Quarta Revolução Industrial trouxera a automação, sistemas cyber-físicos, a Internet das Coisas, a computação em nuvem. E uma Escola feia havia ficado no 1.0 da Primeira Revolução Industrial. Só nos idos de vinte e cinco, as escolas se inundaram de freiriana boniteza.
“A voz da beleza fala delicadamente: ela se move dentro das almas mais iluminadas”.
Um amigo me disse que quem nunca se comoveu com uma suite de Bach talvez nunca tenha existido. Então, seguindo a máxima nietzschiana, por volta de 2025, este vosso avô ousou juntar a poéticos atos de amorosos professores num gesto criador de práxis comunitárias. As dava a conhecer, porque, nos idos de setenta, quando partilhei Vivaldi com os meus alunos, descobri que só amamos aquilo que conhecemos. E fiquei triste, quando conheci o Fábio. O moço queria ser violoncelista, mas decidiu estudar Direito. Disse-me:
“Depois, quando eu tiver um emprego, se verá...”
Muitos jovens se perderam nos labirintos de uma escola sem sentido – como diria o Óscar, muitos professores morreram aos vinte para a vida plena, para serem enterrados aos sessenta.
Para o Murilo e para o Agostinho, a educação deveria formar as pessoas para serem poetas a vida inteira e, se as escolas são pessoas, é de esperar que as os professores que habitam essas pessoas não somente saibam fazer amorosos versos, mas que vivam em poesia.
Para que os professores percorressem o curso da existência a poetizar os seus gestos, a sua visão de mundo deveria traduzir-se no seu projeto de vida.
Sempre que eu ia ao chão das escolas, pedia para ler os seus projetos. Era frequente que a direção das escolas desconhecesse o conteúdo de tal documento e até mesmo o seu paradeiro. Era raro encontrar um professor que o tivesse lido. Raramente encontrei uma escola que o concretizasse.
As práticas eram a negação do projeto escrito. A boniteza andava arredada de prédios de escolas sem alma. Valia-nos a ciência, a arte e a amorosidade de professores, que punham alguma luz em tenebrosos antros.
2025 foi oportunidade de um despertar para essa anómala situação e neutralizar trágicos efeitos de uma educação mentirosa. Septuagenário, me juntei a educadores éticos, para Refazer a Ponte construída em 1976, para regenerar um sistema, humanizar a Educação e conceber uma nova construção social.
No decurso de um congresso me perguntaram:
“Você não está aposentado? Por que continua a fazer projetos?”
“Não sou eu quem os faz. Os projetos humanos são atos coletivos. Eu apenas ajudo” – respondi.
“Mas, está a fazer algum projeto?” – insistiu.
“Estamos a preparar um projeto de comunidades de aprendizagem. Trata-se de um projeto-resposta a décadas de pedidos de ajuda provindos de milhares de educadores, que viram os seus projetos serem destruídos.”
“E, quando acabar esse projeto?”
“Ajudarei a fazer outro.”
“Outro? Qual?”
“Será, certamente, um projeto para acabar com as comunidades de aprendizagem. Deve haver algo melhor, depois disso. Porque “todo cambia, cambia el modo de pensar, cambia todo en este mundo”.
Citei Violeta e Mercedes. Em Portugal, evocaria Camões:
“Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”.
Estávamos em plena 5.0. A Quarta Revolução Industrial trouxera a automação, sistemas cyber-físicos, a Internet das Coisas, a computação em nuvem. E uma Escola feia havia ficado no 1.0 da Primeira Revolução Industrial. Só nos idos de vinte e cinco, as escolas se inundaram de freiriana boniteza.