Nos idos de vinte e cinco, a Escola carecia de um novo sistema ético e de uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar e conviver, pois os projetos humanos contemporâneos não se coadunavam com as práticas escolares de que dispúnhamos.Requerer-se-ia que abandonássemos estereótipos e preconceitos e se transformasse uma escola obsoleta numa escola que a todos e a cada qual desse oportunidades de ser e de aprender.
Precisávamos de reestabelecer interconexão entre o desenvolvimento emocional, o social e o acadêmico, ir além da introdução de paliativos, num sistema de ensino que não ensinava.
Urgia conceber novas construções sociais de aprendizagem, uma Educação do século XXI que, gradual e prudentemente, substituísse um modelo educacional, que tendo dado resposta a necessidades sociais do século XIX, se manifestava inadequado na contemporaneidade.
Urgia assumir o princípio que dizia serem as escolas pessoas, que participavam na produção conjunta de conhecimento, em espaços sociais de aprendizagem, dando sentido ao quotidiano e influenciando trajetórias de vida.
Projetos já desenvolvidos em Portugal e no Brasil eram provas da possibilidade da refundação da Escola Pública. Para tal, bastaria que os educadores assumissem um compromisso ético com a Educação, regenerando o sistema, humanizando processos de aprendizagem.
No auge da minha terceira crise profissional e quase a completar setenta e quatro viagens à volta do sol, decidi retirar-me de cena. Propus a criação de um coletivo de educadores que, usando de uma ciência prudente e das leis de bases da educação, concebessem uma Nova Construção Social de Aprendizagem.
Dever-se-ia exigir o cumprimento da Constituição, da Lei de Bases, dos projetos das escolas – que pais zelosos analisassem o projeto (escrito) da escola frequentada pelos seus filhos e exigissem que se promovesse uma prática coerente com o teor do projeto.
Nesse tempo, era raro encontrar um professor, um diretor, um gestor que o tivesse lido. Muito menos eram aqueles que o praticavam – o amigo Bruno contou-me um episódio exemplar.
Numa reunião com responsáveis pela Direção, Gestão e Administração das escolas, perguntou aos presentes qual era o referencial teórico do projeto da escola e do município. Ninguém soube dizer qual seria.
Provavelmente, os diretores, gestores e administradores nem sequer haviam identificado os valores matriciais dos projetos que dirigiam. E era flagrante a incoerência das práticas, relativamente aos princípios, explícita ou implicitamente, presentes nos documentos fundadores dos projetos.
À distância de vinte anos, se nos apresenta como inverosímil essa triste situação, em que os professores fingiam que ensinavam e os alunos fingiam que aprendiam. Mas era essa a indisfarçável realidade.
Eu continuava a acreditar na amorosidade e coragem dos professores. Mas urgia colocar um “Basta!” num genocídio educacional, que permanecia impune. No abril de vinte e cinco, propus que, em cada encontro de educadores, se fizesse “um minuto de silêncio” em memória dos milhões de alunos privados do direito à Educação, de seres humanos a quem roubaram o futuro.
Mostrava-se urgente a realização de um debate sério, fundamentado, sobre a melhoria da qualidade da educação assente numa linguagem despida de jargão científico, acessível ao bom senso do comum dos mortais (a todo o mundo, no Brasil; a toda a gente, em Portugal). Fiz inúmeros convites para o debate fraterno, mas os convidados dele fugiam como o diabo da cruz. Porque seria?
Precisávamos de reestabelecer interconexão entre o desenvolvimento emocional, o social e o acadêmico, ir além da introdução de paliativos, num sistema de ensino que não ensinava.
Urgia conceber novas construções sociais de aprendizagem, uma Educação do século XXI que, gradual e prudentemente, substituísse um modelo educacional, que tendo dado resposta a necessidades sociais do século XIX, se manifestava inadequado na contemporaneidade.
Urgia assumir o princípio que dizia serem as escolas pessoas, que participavam na produção conjunta de conhecimento, em espaços sociais de aprendizagem, dando sentido ao quotidiano e influenciando trajetórias de vida.
Projetos já desenvolvidos em Portugal e no Brasil eram provas da possibilidade da refundação da Escola Pública. Para tal, bastaria que os educadores assumissem um compromisso ético com a Educação, regenerando o sistema, humanizando processos de aprendizagem.
No auge da minha terceira crise profissional e quase a completar setenta e quatro viagens à volta do sol, decidi retirar-me de cena. Propus a criação de um coletivo de educadores que, usando de uma ciência prudente e das leis de bases da educação, concebessem uma Nova Construção Social de Aprendizagem.
Dever-se-ia exigir o cumprimento da Constituição, da Lei de Bases, dos projetos das escolas – que pais zelosos analisassem o projeto (escrito) da escola frequentada pelos seus filhos e exigissem que se promovesse uma prática coerente com o teor do projeto.
Nesse tempo, era raro encontrar um professor, um diretor, um gestor que o tivesse lido. Muito menos eram aqueles que o praticavam – o amigo Bruno contou-me um episódio exemplar.
Numa reunião com responsáveis pela Direção, Gestão e Administração das escolas, perguntou aos presentes qual era o referencial teórico do projeto da escola e do município. Ninguém soube dizer qual seria.
Provavelmente, os diretores, gestores e administradores nem sequer haviam identificado os valores matriciais dos projetos que dirigiam. E era flagrante a incoerência das práticas, relativamente aos princípios, explícita ou implicitamente, presentes nos documentos fundadores dos projetos.
À distância de vinte anos, se nos apresenta como inverosímil essa triste situação, em que os professores fingiam que ensinavam e os alunos fingiam que aprendiam. Mas era essa a indisfarçável realidade.
Eu continuava a acreditar na amorosidade e coragem dos professores. Mas urgia colocar um “Basta!” num genocídio educacional, que permanecia impune. No abril de vinte e cinco, propus que, em cada encontro de educadores, se fizesse “um minuto de silêncio” em memória dos milhões de alunos privados do direito à Educação, de seres humanos a quem roubaram o futuro.
Mostrava-se urgente a realização de um debate sério, fundamentado, sobre a melhoria da qualidade da educação assente numa linguagem despida de jargão científico, acessível ao bom senso do comum dos mortais (a todo o mundo, no Brasil; a toda a gente, em Portugal). Fiz inúmeros convites para o debate fraterno, mas os convidados dele fugiam como o diabo da cruz. Porque seria?
