Nos idos de vinte e cinco, do meu amigo Paulo recebi um presente na forma de excelente reflexão, que mereceria ampla divulgação. Com a devida vénia, passo a partilhar alguns excertos:
“CONFUNDIR A CONSEQUÊNCIA COM A CAUSA”
"Defender a Escola Pública é reconhecer a necessidade absoluta da construção de uma relação de vínculo seguro entre o professor/outro profissional e os alunos."
(…) Interessa-me, aqui, só, debater a Escola Pública (e a sua aversão à mudança, que só a prejudica).
E defender a Escola Pública, não só porque é pública, valorizando-a, passará por patrocinar e incentivar uma discussão muito abrangente sobre as suas fragilidades e potencialidades: estamos no século XXI: o que queremos formar? Para o quê? Escutamos todos os intervenientes, de igual modo? A quem interessa e por que interessa?
Escola pública: bem maior (e não mal menor).
Defender a Escola Pública é valorizar todos os seus agentes, dos professores, passando pelos auxiliares e pelas crianças/jovens. Não é fechá-la numa caixinha e cristalizá-la.
(…) Defender a Escola Pública é apostar na diversidade: muitos caminhos para um determinado fim (e não pré-determinado). Criar bases para uma sociedade verdadeiramente inclusiva, crítica e informada, justa, generosa e solidária.
Pessoas não são números.
Defender a Escola Pública é dar a cada um(a) o que cada qual: abrir a escola à comunidade. Respeitar os tempos (da família, da rua, da escola). Acabar com a escola que segmenta e legitima discrepâncias: acabar com a escola do teste, da ficha, do tpc e do exame (bem como a ideia das áreas de 1ª, de 2ª e de 3ª), e acabar com essa máxima, absolutamente injusta e irreal, de que esses instrumentos correspondem às capacidades (ou falta delas) dos seus intervenientes.
A avaliação tem de ser formativa (a classificativa deixa um rasto de mentira, de injustiça e de destruição).
(…) Defender a Escola Pública é atualizar a formação de professores, com diferentes métodos e perspetivas, e dar-lhes condições para o exercício da sua profissão, nas suas áreas de residência. Apostar numa formação integral. Professores e alunos são duas faces da mesma moeda, numa relação de aprendizagem mútua.
Defender a Escola Pública é reconhecer a Equidade como o caminho. Oportunidades Universais. Individualidade como peça de algo maior (e que se encaixa num cenário colaborativo e cooperante).
Ver o outro como é (e não pelo que achamos que é ou deve ser).
Defender a Escola Pública é reconhecer a dimensão total de quem lhe dá vida: as dimensões física, mental, psicológica, espiritual e holística (bem como as suas circunstâncias pessoais, familiares ou de comunidade). O direito a ser e a sentir.
Defender a Escola Pública é estimular a autonomia, a criatividade, o pensamento crítico, a curiosidade e a resolução de problemas que surgem. Erradicar rankings entre pessoas (…).
Defender a Escola Pública é proporcionar um ambiente saudável, sem pressões e coações, sem pressupostos, sem objetivos "pronto-a-vestir". A saúde mental (como toda e qualquer dimensão da saúde) é fulcral.
Defender a Escola Pública é reconhecer que toda a gente quer aprender. Toda a gente quer aprender (a repetição é deliberada). E precisa. É inato. Não existe o "os alunos não querem aprender". Isso é falacioso. Aprende-se por empatia (ao que é procurado) e com empatia.
É preciso é perceber o quê. E como. E para o quê.
Todo e qualquer caminho, desde que acrescente e melhore a vida das pessoas, é válido.”
Abdiquei da transcrição completa do artigo do amigo Paulo, mas a ele voltarei.
