A
"escola tradicional" utiliza um modelo de avaliação que está de
acordo com o trabalho que os alunos desenvolvem. E para mudar a avaliação é
necessário mudar todo o trabalho escolar.
Parece-me
que, no resto do seu texto, já chegou a uma conclusão muito interessante: todos
os alunos têm o seu ritmo. O que nós tentamos na Ponte é que efetivamente cada
aluno veja reconhecido o seu ritmo e que, paralelamente, a avaliação também
seja para cada aluno uma oportunidade de aprendizagem.
Compreendo
perfeitamente o que diz. A Ponte não foi a primeira escola onde trabalhei e sei
que isso pode ser complicadíssimo, muito difícil, mas o que será melhor: ter
diferentes ritmos dentro da "sala", ou tentar que seja o mesmo e
único ritmo e vivermos no eterno dilema de "deixar alunos para trás"
ou "atrasar outros alunos"?
Outra
pergunta:
“Percebo
que o objetivo da Ponte é proporcionar aos alunos um clima adequado, onde se
constitui um marco de relações "admiráveis", em que predominam a
aceitação, a confiança, o respeito mútuo e a sinceridade.
Eu
poderia supor que, a partir dessas características supracitadas e das dinâmicas
e atividades a que se propõe os professores e alunos da Ponte, denominar a
avaliação como algo essencial para manter e melhorar a autoimagem, para assim
facilitar atitudes favoráveis à aprendizagem, focando que tais avaliações sejam
feitas conforme as possibilidades reais de cada um dos meninos e meninas, para
que a aceitação das competências pessoais não ocorra em detrimento de uma autoimagem
positiva?
Resposta
de um a professora da Ponte:
Os
laços que unem alunos e professores, alunos e seus pares têm de ser laços de
aceitação, confiança, respeito e sinceridade. A aprendizagem efetiva apenas se
concretizará num ambiente de reconhecimento e aceitação de diferentes
individualidades, de respeito pelas suas opiniões, de confiança nas suas
potencialidades, de apoio quando se diagnosticam dificuldades, de transparência
e sinceridade quando se avaliam processos.
A
avaliação regula/reorienta todas as aprendizagens: a aquisição de novos
conteúdos, mas também as atitudes e comportamentos. É errôneo pensar que
aprender na escola é aprender somente Inglês, Matemática, Ciências… Melhorar a
"autoimagem" dos alunos (no sentido que penso ter atribuído a esta
designação) poderá ter repercussões positivas no trabalho que pretendemos que
os alunos desenvolvam em termos de conteúdos. Um aluno com uma baixa autoestima
recusa diariamente a realização de tarefas, porque tem grandes dificuldades em
conviver com a frustração de não conseguir algo, necessita da solidariedade e
ajuda dos seus orientadores educativos, assim como dos seus pares. Estes, sim,
irão ajudá-lo a crescer na sua individualidade, a melhorar a sua autoimagem.
Durante
este ano letivo, tive um aluno que precisava ouvir "És capaz de…",
"Tu consegues…", antes de iniciar qualquer trabalho que julgasse ser
mais difícil. Precisará ainda que muitos outros lhe digam o mesmo, para que
possa caminhar com mais autonomia e confiança.
Não
acredito que haja alunos indisciplinados por força da natureza, mas há alunos
que se revoltam perante o desrespeito pelas suas dificuldades e ritmos de
aprendizagem.
É
curioso verificar que alguns professores encaram a avaliação como um meio de
amedrontar os "indisciplinados" da sua sala de aula. Lembro-me de uma
professora que, sempre prevenida, carregava consigo testes que ameaçava aplicar,
se as coisas não corressem como havia planeado.
