“Como é coordenada e avaliada a Educação Física? De que forma as crianças decidem o que querem fazer, uma vez que determinadas atividades são necessárias para o desenvolvimento de habilidades relacionadas a lateralidade, a questões de ordem motora etc.?
Espero
que tenha sido clara a minha questão, pois desconheço termos técnicos da área
para ser mais objetiva.
Neste
ano, tentamos fugir um pouco das modalidades mais tradicionais, tais como:
futebol, voleibol, handebol etc. Temos grupos a trabalharem o Parkour, a Dança
(Salsa). Os alunos pela “primeira vez” trabalha de uma forma mais dirigida, com
atividades que lhes propiciem um desenvolvimento motor mais global, e são
reforçados em aspetos que os ajudem na sua aprendizagem mais cognitiva, como,
por exemplo, a lateralidade.
Temos
que seguir o currículo nacional, mas temos liberdade de lidar com as propostas
de forma diferenciada, portanto, o que não se abordar num ano, no outro
provavelmente se abordará, dando-nos maior liberdade e sendo mais aliciante
para as crianças.
As
crianças vão sendo orientadas para conseguirem fazer propostas práticas de
trabalho para o dia-a-dia, sendo elas próprias a dinamizar tais propostas. Para
tudo isto, foi elaborado com as crianças um conjunto de dispositivos
pedagógicos, no sentido de organizar, facilitar e apoiar o seu trabalho e a
avaliação das aprendizagens
Logicamente, tudo isto não é fácil de pôr em prática,
é necessária muita calma, muito estudo, para fundamentar a prática, muita
discussão e alguma sistematização na utilização dos dispositivos. É um trabalho
muito árduo. “Progressão... continuada? Estava pensando que assim como em
nossas escolas devem ocorrer situações em que a criança, ao término do nono
ano, não tenha atingido os objetivos necessários para dar prosseguimento ao
estudo. Caso isso ocorra, qual é o procedimento da Escola da Ponte? Há
repetência? É claro que os motivos para não se atingir os objetivos propostos
poderão ser diversos, como fatores de ordem neurológica, cognitiva,
psicológica, social, enfim situações vivenciadas em todas as U. Es. cabendo a
equipe docente e diretiva tomar as decisões mais pertinentes”.
A
sua pergunta é muito interessante, porque ela nos permite pensar o percurso do
educando à luz de outra lógica de organização da escola: por núcleos, como faz
a Ponte.
A
Escola da Ponte é uma escola em que um aluno completa estudos no mínimo de nove
anos de escolaridade. Há três núcleos, mas eles não correspondem exatamente a
três ciclos. As crianças transitam de um núcleo para outro, assim que atingem o
perfil esperado e um mínimo de objetivos do currículo.
Há
casos de crianças com cinco anos de escola que estão no Núcleo de Iniciação, e
casos de crianças com três anos de frequência da escola e que já estão no
Núcleo de Consolidação.
De
acordo com a lógica da Escola Tradicional, poderemos concluir que, no primeiro
caso, houve “reprovação”. E que, no segundo, houve “aceleração”. Mas na Ponte a
conceção é outra. Há casos de adolescentes com quinze anos ainda na
Consolidação e com onze ou doze já no Aprofundamento, assim como adolescentes
com quinze estão no Aprofundamento.
A
ideia de reprovação não tem espaço no nosso Projeto.
Na
Ponte, é bem diferente o conceito de “avaliação”. Não existe repetência. A
avaliação não tem o objetivo de aprovar ou reprovar. Não existem séries para a
criança "passar de ano". Ela avança conforme sua autonomia e seu
ritmo. Num mesmo espaço, convivem crianças que estão estudando objetivos
diferentes, que não percorrem o mesmo caminho.
