Pular para o conteúdo principal

Serra do Pilar, 28 de agosto de 2045

“Como é feito o trabalho e avaliação com Arte Dramática? Ela é trabalhada como conteúdo específico, dentro de outros conteúdos? Existem apresentações?

Foram estabelecidos alguns momentos para que os professores de artes realizem atividades com os alunos. Os conteúdos de artes não estão elencados e expostos nas paredes como os das outras disciplinas.

O projeto da Casa da Música, foi um projeto que aconteceu em parceria com outros profissionais de fora da escola, inclusive com uma professora inglesa. Foram duas semanas de oficinas (dramatização, figurino, cenário, sonoplastia), onde os alunos, principalmente de tarde, participavam de atividades para a elaboração de um espetáculo.

Penso que a perceção do que acontece na Ponte demora algum tempo a fazer. Tentando ajudar: Tal como em todas as outras áreas não há aulas. Os alunos planificam o seu trabalho e decidem o que pretendem fazer. Há trabalhos que implicam um grupo de alunos e, nesses casos (conversam, para chegar a uma conclusão.

Tenta-se ao máximo que todas as decisões sejam tomadas por eles e que, à medida que as necessidades inerentes ao trabalho planificado se vão trabalhando em cada valência (Expressão e Educação Plástica, Dramática, Musical e Físico-Motora).

“Existe avaliação para ensino das artes? Se sim, como se dá? Existe diferença de avaliação entre elas: artes plásticas, música, arte dramática?”

Normalmente, os colegas reúnem-se e avaliam o desenvolvimento de competências de cada aluno. Esta avaliação parece ser muito estruturada na observação direta e na análise do trabalho prático que os alunos efetuem.

Gostaria de saber como é realizado o Ensino de Arte na Escola da Ponte, se existe essa disciplina, se está no currículo obrigatório enviado pelo governo, ou se é realizada através de projetos específicos de arte elaborados em grupo. Dê um exemplo do que já aconteceu e de como foi avaliado.”

A Dimensão Artística na Escola da Ponte é explorada e vivida como outra dimensão curricular prevista no currículo nacional. Esta dimensão contempla especificamente três valências: plástica, dramática e musical. Os Orientadores educativos trabalham em conjunto, numa abordagem transversal das competências que atravessam, em particular, esta dimensão e no geral todas as outras.

Privilegiamos como metodologia uma aproximação à metodologia de trabalho de  projeto, centramo-nos nas propostas das crianças, que poderão surgir individualmente, em pequeno grupo ou em grande grupo, tendo sempre como pano de fundo alguns princípios fundamentais, tais como: a valorização das produções das crianças (sem o retoque final do professor); a exploração de vivências artísticas que se pretendem desencadeadoras de uma educação sensorial, não só através da visualização de diferentes vídeos como também, através de contacto direto com o mundo artístico: exposições, espetáculos e diferentes jogos plásticos, musicais e dramáticos, que lhes permitem adquirir as ferramentas essenciais que os potenciam das competências necessárias para a realização dos projetos que se propõem realizar.

Os projetos que surgem, habitualmente, podem nascer das suas planificações individuais ou com toda escola e estão previstas no Plano de Quinzena; ou com questões relacionadas com os problemas da escola, da vila ou do mundo (como por exemplo: a guerra, A corrupção, assaltos, a droga, o ambiente…

Estas preocupações são abordados de modo transdisciplinar e culminam, por vezes, em espetáculos, exposições, debates, instalações, catálogos.

Postagens mais visitadas deste blog

Barcelos, 13 de setembro de 2025

No mês de abril do ano 2000, Rubem visitou uma escola, que viria a referir nas suas palestras, até ao fim da sua vida. A Escola da Ponte havia sido a primeira a consolidar a transição entre o paradigma da instrução – o do ensino centrado no professor – para o paradigma da aprendizagem.  Na esteira da Escola Nova, o aluno era o centro do ato de aprender. E o meu amigo surpreendeu-se com o elevado grau de autonomia dos alunos, comoveu-se com os prodigiosos gestos de solidariedade e manifestações de ternura, que ali presenciou.  Pela via da emoção, me trouxe para o Brasil e para ele vai a minha gratidão, nestas poucas linhas: Querido amigo, falando de tempo – essa humana invenção de que te libertaste –, reparo que já decorreram vinte e cinco anos sobre um remoto dia de abril, em que, pela primeira vez, partilhaste o cotidiano da Escola da Ponte e me convidaste a conhecer educadores do teu país.  Desde então, a minha peregrinação pelo Brasil das escolas não cessa, como não ce...