Nas cartinhas de outubro e de novembro, publiquei documentos fundadores de projetos com potencial inovador, juntando-lhes uma espécie de “lista de verificação”, componente de um processo formativo que, no decurso de dezembro, será testado. Em 2026, criaremos protótipos de mudança educacional, locus de “residência pedagógica”.
Irei propor à minha amiga Edilene
que a Escola Aberta de São Paulo venha a constituir-se como o primeiro dos
protótipos. Outros se lhe seguirão.
Em
breve, a minha amiga irá publicar um excelente livro. Li-o, atentamente. É o
primeiro “tratado de educação” que li, desde que tive acesso às obras do Mestre
Lauro – uma escrita isenta de teoricismo e reveladora de um saber-fazer
incomum.
No
novo livro, a minha amiga faz o luto da Escola do Projeto Âncora:
“Meses
depois de deixar o Projeto Âncora, em novembro de 2018, para iniciar um novo
ciclo com a Escola Aberta de São Paulo, vivi um dos momentos mais difíceis da
minha trajetória na educação. Foi doloroso, profundamente triste, acompanhar à
distância o implodir do Âncora enquanto escola — justamente no auge de sua
potência.
A
Escola Projeto Âncora havia se tornado uma das maiores referências em inovação
educacional no Brasil e no mundo. Premiada nacional e internacionalmente,
destaque em reportagens, jornais, programas de TV e documentários, recebia
cerca de 70 visitantes por semana. Era uma ebulição de troca, encantamento e
reinvenção da escola como espaço de convivência, autonomia e sentido.
Quando
saí, deixei para trás um lugar vivo, pulsante, cheio de possibilidades. Claro,
como todo projeto social, os desafios de sustentabilidade financeira sempre
estiveram presentes. Discutíamos isso com frequência, era pauta constante — mas
o que levou ao fim do Âncora como escola foi muito além do dinheiro. Foram as
disputas ideológicas, os jogos de poder, os desvios de propósito.
Em
vez de fortalecer os princípios da educação democrática e inovadora, alguns
passaram a mirar outros interesses — interesses que nada tinham a ver com a
construção coletiva, com os valores humanos ou com o protagonismo das crianças.
A Escola Projeto Âncora havia se tornado uma marca forte, carregada de
significado, e infelizmente, isso também a tornou alvo”.
A
partir de 2011, com a Claudia, a Edilene e um punhado de excelentes educadores,
ajudei a conceber um projeto, que foi alvo de gente de baixa estatura moral e
da corrupção económica (uma das caraterísticas do “sistema”).
Em
meados da segunda década deste século, fui apresentá-lo na Europa, na Ásia, em
encontros internacionais, ao lado de projetos da Finlândia, por exemplo. E foi
consensual a conclusão de que o Brasil dispunha do projeto mais inovador de
quantos nesses encontros foram apresentados. Talvez por isso, o tivessem
destruído.
Dezembro
será o mês de retomar projetos suspensos e de consolidar aqueles que,
sobrevivendo, se mantiveram fiéis a princípios. O 14º ENARC – Encontro Nacional
dos Românticos Conspiradores dará a conhecer projetos que o Brasil talvez
desconheça e que são o que de melhor o “sistema” possui. No dia 20 de dezembro,
o Encontro será realizado em Maricá e na Internet (formato “be learning”).
Em
2026, protótipos com potencial inovador se constituirão numa rede de
comunidades de aprendizagem – palavras e expressões como “inclusão”, “educação
integral”, ou “inovação” deixarão de ser usadas apenas em teorizações de
teorias e assumirão forma concreta. Será disponibilizado um projeto de formação,
que culminará com prática de “residência pedagógica”.
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