O relatório de que vos tenho falado foi encontrado no baú das velharias, numa das minhas viagens a Maricá. A síntese, que vos tenho dado a conhecer, continha uma epígrafe da autoria do amigo Luckesi:
“Importante é interromper a matança de crianças (nas escolas) e evitar
a exterminação no embrião de milhões de gênios.”
Nos relatórios que, anteriormente,
eu enviara para o IBICT, para secretarias de educação, para ministérios e
quejandos descrevi atividades a serem realizadas com vista à testagem e
confirmação de indicadores, acompanhadas de um Projeto de Formação, de um Plano
de Inovação e uma proposta de cronograma.
Até que, chegados a 2025, a pedido do Ministério da Educação, enviei a
mesma documentação para pessoas em que eu ainda acreditava – nesse tempo, ainda
havia gente séria nos órgãos de decisão – uma proposta de aperfeiçoamento do
projeto de Educação Integral.
Acrescentava
que a proposta de continuidade e validação dos dados obtidos no processo de
pesquisa carecia de uma revisão de conceitos como, por exemplo: “inclusão”,
democraticidade”, “autonomia”, “educação integral”, “currículo”, “comunidade de
aprendizagem” e “educação de boa qualidade”, bem como de indicadores propostos
pelo Ministério da Educação.
Sugeri
a construção de indicadores testados em três escolas de Maricá, contrapostos
aos recolhidos num protótipo de comunidade. A avaliação comparativa permitiria
obter dados úteis à gradual adaptação das escolas ao formato de uma nova
construção social de aprendizagem, através de uma formação de professores com
referência ao trabalho desenvolvido em protótipos de comunidade de aprendizagem,
bem como subsidiar a elaboração, a implementação e a avaliação de planos e
programas.
No
decurso da pesquisa e através da realização de entrevistas direcionadas a
diretores, coordenadores e professores, realizei o diagnóstico possível dos
indicadores educacionais propostos para a educação básica.
A
estrutura física das escolas foi considerada pelos entrevistados como
inadequada, em termos de dimensionamento, conforto térmico e iluminação. Foi
dito que o projeto arquitetónico não contribuía para uma boa aprendizagem,
agravado pelo desconforto e inadequação dos espaços. Mesmo tendo o ambiente
natural como “vizinho”, as escolas não tiravam partido desse espaço de
potencial aprendizagem, ficando restrita a aprendizagem a ambientes confinados.
Ações
voltadas para a qualidade ambiental, como a coleta seletiva, eram realizadas
parcialmente, mas essa ação não se integrava, de forma efetiva, num Sistema de
Limpeza Urbana. E o incentivo ao uso racional da água restringia-se a uma
incipiente conscientização, não considerando a necessidade, por exemplo, da
coleta de água de chuva ou seu reuso.
Relativamente às práticas de avaliação,
não ficaram claros os processos utilizados e resultados que subsidiassem a
melhoria da qualidade da prática pedagógica.
No que se referia à avaliação de
desempenho profissional, nenhum instrumento foi apresentado pelos gestores. Não
existia uma sistemática de avaliação do profissional.
Uma das escolas informou estar em processo
de reformulação do seu PP-P, não tendo apresentado registro de valores,
princípios ou objetivos fundadores do documento.
Uma escola não permitiu acesso ao seu
PP-P. A quase totalidade dos professores não soube dizer qual a matriz
axiológica do seu projeto ou, por exemplo, o que ele propõe como critérios de
avaliação.
Na cartinha de amanhã, prosseguirei a
síntese do relatório.
Ficai em paz!
.png)