“Os professores não exercem de uma forma feliz a sua função. As pessoas começam o ano cansadas. Dizem que não lhes apetece fazer nada. Há um desgaste imenso. Ainda bem que houve esta chuva de exigências. Mostrou a fragilidade dos professores. Mostrou que, já antes, as coisas funcionavam mal. Se estivéssemos certos do nosso valor e do valor que a sociedade reconhece ao nosso trabalho, a avalanche não seria tão sentida. Pode estar a faltar determinada formação…”
A ata dava conta de uma situação semelhante àquela que muitos professores vivenciavam. A sobrecarga de trabalho, associada à angústia de não conseguir ensinar todos os alunos, gerava desgaste, bournout.
“Pode estar a faltar determinada formação” – referia a ata.
No século passado, como nos anos vinte deste século, a formação de professores estava imersa em equívocos. Sabíamos que um formador não ensinava aquilo que dizia, que ele transmitia aquilo que era – valores.
Sabíamos, já, que a aprendizagem era antropofágica. O aprendiz não aprendia aquilo que o professor dizia, mas aquilo que o professor era. E os formandos aprendiam o outro, aprendiam o formador – isomorfismo!
A nova formação surgiu na PROF, quando o subsistema de formação continuada foi criado, uma formação isomórfica, praxiológica, geradora de aprendizagem.
Isomórfica, porque o modo como o professor aprendia é o mesmo modo como o professor ensina.va Se o formando participava de um curso sobre “metodologias ativas na sala de aula”, ele não iria desenvolver “metodologias ativas”, mas “inativas”. Se o formador “dava aula” na modalidade de curso (uma modalidade de formação do século XIX), o formando iria “dar aula”. Aquilo que ficava de um curso era aquilo que o formando havia vivenciado. Era o modo, não o conteúdo.
A nova formação era praxiológica porque partia do fazer, para refletir. As dificuldades de ensinagem sentidas pelo professor impelia-o à pesquisa, numa dialética freiriana posta em prática, através da mediação assegurada por um formador que já havia posto em prática a teoria.
Na formação tradicional, o formador recorria ao blá, blá, blá dos teoricistas, fornecia técnicas, falava dos piagets e dos vygotskys da vida. Quando terminava o curso, o professor voltava para a sala de aula com um certificado, mas o Piaget não estava lá e o Vygotsky tinha fugido.
Na PROF, a formação era geradora de aprendizagem. A teoria não precedia a prática. E o professor não era considerado objeto, um “incapaz” que recebia “capacitação”. Era considerado sujeito de aprendizagem, ao serviço de um projeto assumido por uma equipe e que uma comunidade havia adotado.
No 24 de outubro de 2024, dia do aniversário de um professor meu filho e vosso pai, professores, pais, gestores, deram início a uma formação voltada para a criação de novas construções sociais de aprendizagem. O espírito da Associação PROF estava presente nas palavras de uma formadora idealista da década de setenta:
“Se, também és apaixonado/a pela educação, se não te conformas com o estado da educação, se queres participar na transformação da educação e não sabes como, se te inquieta o que fazem com as crianças e jovens, esta formação é para ti!”