Há vinte anos, por esta altura, estava prestes a partir para a margem norte do Atlântico, a visitar a minha terra. Deixava no Brasil núcleos de projeto, círculos de aprendizagem, “turmas-piloto”, protótipos de mudança, processos formativos desenvolvidos por professores, alunos e comunidades. Aproveitando aquilo que os professores eram e o que sabiam fazer (valorizando o saber “dar aula”), os participantes da formação em núcleo de projeto aprenderam a utilizar dispositivos pedagógicos, exercitaram a metodologia de trabalho de projeto, aprenderam a fazer roteiros de estudo, a conceber evidências de aprendizagem, a fazer portfólios de avaliação. À semelhança do educando, cada educador (tutor) desenvolvia o seu projeto de reelaboração cultural, em sucessivos roteiros de estudo, que integravam as dimensões curriculares da subjetividade, da comunidade e universal. Paralelamente, haveria lugar à elaboração de roteiros de pesquisa, com objeto inicial igual para todos os grup...
Recebi da minha amiga Bianca este pedido: “Professor, quero saber sobre a lei que atrapalha, em Portugal, e o “cala boca do Brasil”. Se puderem me mandar…” “Querida amiga, não existe lei que “atrapalhe, ou cale a boca”. As leis de bases não atrapalham, facilitam o “abrir a boca”. Aquilo que complica é a regulamentação da lei, que é elaborada segundo uma racionalidade instrumental, técnico administrativa e burocrática. De cariz instrucionista, a regulamentação compromete ou impede mudanças, e até mesmo contradiz... a lei. Bastará atentar no artigo 48º da Lei de Bases portuguesa: “ Na administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa". Não era isso o que acontecia em 2025. Ao longo de mais de cinco décadas, envolvido na criação de comunidades de aprendizagem, cansei-me de assistir à destruição de projetos, por via de caprichos de governantes, da incompetência de f...