Achei no armário das velharias recados de despedida deixados na Ponte por visitantes: “ Medo não sinto, porque não parto sozinho” . Quem nos visitava voltava para casa e para a sua escola animados de um impulso de mudança jamais concretizada – esses sonhadores raramente concretizavam projetos sonhados, pois se confrontavam com o primeiro dos obstáculos à mudança: a cultura profissional dos professores. Quando jovem, trabalhei numa escola dos cafundós de Portugal, aldeia rural, onde ainda não tinha chegado a energia elétrica. Quarenta jovens almas para cuidar, dentro de um barracão de chão de terra colado a uma corte de gado. Um frio de zero graus penetrava pelos buracos da porta e, tiritando, nos encolhíamos junto a uma improvisada lareira feita de gravetos, que as crianças apanhavam pelo caminho. Sempre que o sol aparecia, se cumpria o preceito do Comenius: não levávamos a árvore para a escola; levávamos a escola para debaixo da árvore. Não tardou que a comunidade se apercebesse de qu...