Eu concordava plenamente com a proposta e os objetivos do projeto de educação integral e considerava a sua base teórica como quase-perfeita. Mas a sofisticação do discurso contratava com a miséria das práticas. Analisei mais de meia centena de práticas e nenhuma produzia “aprendizagens significativas e emancipatórias”. Apenas em algumas salas de aula encontrei um ou outro professor que tomava tímidas iniciativas de mudança. A promoção de “oportunidades educacionais, sociais, culturais, esportivas e de lazer” decorria, quase sempre em contra-turno, na linha de uma pedagogia compensatória, completamente divorciada das atividades letivas. A integração entre escola e comunidade era uma “miragem”. Apenas alguns professores, de modo isolado, atingiam esse desiderato. A gestão democrática estava ausente e a Meta 19 do Plano Nacional de Educação fora ostracizada. No contexto de uma escola a quem era imposto um modelo de ensino obsoleto e corrupto não fazia sentido falar de “cidade ...