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Mostrando postagens de setembro, 2025

Terras-de-Entre-Ambos-os-Aves, 30 de setembro de 2025

Nos idos de setenta, os primeiros tempos do projeto “Fazer a Ponte” foram feitos de ousadia, tempos de desobedecer. Situações vis vividas em lugares onde uma nova educação acontecia foram a gota de água que faltava para fazer transbordar um copo meio-cheio de indignação.  Até 2004 – ano da celebração do primeiro contrato de autonomia – confrontamos um “sistema” obsoleto, autoritário e corrupto com as suas contradições e trágicos efeitos. O modelo de ensino imposto às escolas dera origem a um genocídio educacional. E as obsoletas práticas não resistiram ao ímpeto de sete perguntas:  Por que aprendemos? O que precisamos aprender? Quando aprendemos? Onde aprendemos? Com o quê e com quem aprendemos? Como aprendemos? Como sabemos que aprendemos?  Sem pretender replicar o processo de autonomia e emancipação da Escola da Ponte, creio ser dever indeclinável apontar caminhos de Mudança e de Inovação, sugerir a desobediência a regulamentos injustos, para cumprir a Lei de Bases e a ...

Fão, 29 de setembro de 2025

No setembro de 2003, por decisão dos pais, se anunciava que a escola iria reabrir, mesmo sem autorização do ministério, cabendo aos alunos mais velhos (impedidos de se matricularem na escola) “orientar e apoiar” os mais jovens. No Porto, numa sessão pública de apoio à Escola da Ponte, que decorreu no auditório “completamente cheio” da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, os presentes juntaram a sua assinatura “aos mais de 2500 nomes que, numa semana, subscreveram um abaixo-assinado de contestação à atitude do governo de não autorizar que o projeto Fazer a Ponte se expandisse para o “terceiro ciclo”.  Integrada no movimento Fazer a Ponte, foi promovida pela Escola Superior de Educação do Porto uma sessão “de informação, debate, solidariedade com a Escola da Ponte e defesa da escola pública”.  Os 50 anos do projeto Fazer a Ponte foram tempo de provar que, através de “Outra Escola” é possível regenerar e humanizar um sistema de ensino genoci...

Gaia, 28 de setembro de 2025

Em meados dos anos oitenta, o projeto Fazer a Ponte se expandiu. Ao núcleo inicial, composto de pais e de um professor, se juntaram a Maria José e a Maria Luísa. Estava constituída a primeira equipe de projeto e ela precisava de espaços de trabalho... em equipe. E uma escola de “área aberta” foi construída. Em 1963, no âmbito da OCDE, foi iniciado um "projeto de ajuda aos países mediterrânicos”. Com o objetivo de desenvolver a escolaridade obrigatória, propunha-se apoiar países como a Grécia, a Espanha e Portugal. Nesse âmbito, um dos problemas foi o de harmonizar a conceção das construções escolares com as conceções de escola e as orientações no campo da pedagogia. Nos anos oitenta, no terreno da antiga “escola primária” da Ponte, onde o projeto foi gestado, uma “escola de área aberta” foi construída, para... “Fazer a Ponte”. Pelas suas características - existência do grande espaço polivalente – a escola P3 facilitava a integração no meio social, tornando possível a sua utilizaçã...

Coimbra, 27 de setembro de 2025

Chegavam-nos interrogações em catadupa. E a todas dávamos a resposta possível. “Como é vista a Escola da Ponte pelo sistema educacional português, com a sua autonomia conquistada? As demais escolas reconhecem a Ponte como um projeto de sucesso, que atravessa continentes? Há outras escolas experienciando o projeto, nas Aves, no Porto ou em Lisboa?”  O pai de uma aluna deu esta resposta:  “São raríssimos os casos de gente como a da Ponte.  No sistema educacional português a Ponte foi a primeira escola a assinar um contrato de autonomia com o Ministério da Educação. Mas, em Portugal, a Ponte permanece ainda um pouco invisível. O que tem seu lado positivo. A visibilidade que ela ganhou, especialmente no Brasil, teve como um dos resultados certa perda da tranquilidade. São muitos visitantes diariamente por lá. Isto chama a atenção e atrai invejas e ciúmes de outras escolas que não atraem ninguém. Já se agrediu muito a Ponte por inveja. Panfletos foram lançados na calçada em fr...

Conímbriga, 26 de setembro de 2025

Se elencamos dificuldades, falemos de possibilidades, começando pelo “caminho das pedras”, que salvou da extinção a Escola da Ponte.  Em 1976, eu me perguntava: “O que fazer perante um Sistema hierárquico e autoritário, um Sistema hegemónico e obsoleto, um Sistema moral e economicamente corrupto? Com a comunidade, creio ter encontrado um dos possíveis caminhos. Porém, quando, em 2004, me afastei (apenas fisicamente) da Ponte, recebi dos novos coordenadores muitos pedidos de ajuda. Tentei ajudá-los.  Era notório um “baixar de braços” perante atitudes prepotentes provindas do Ministério e insidiosas manobras de políticos corruptos e “professores” de outras escolas, que tentavam, a todo o custo “expulsar” a Ponte de Vila das Aves.  Também recebia mensagens enviadas por visitantes: “Estive na Ponte como professor voluntário e verifiquei, comparando, que o tipo de trabalho que se realizava na altura era, em minha opinião, melhor do que o atual. Por exemplo, existe diferença ao...

Brasília, 25 de setembro de 2025

Em 2025, continuamos a defrontar obstáculos à Mudança e à Inovação. Os áulicos se constituem no sétimo obstáculo. Darcy assim os descreveu (creio que terá sido o autor do neologismo): “Muitos cientistas sociais são cavalos de santo de Foucault. Não olham para o Brasil. O importante para eles é citar o Poulantzas, ou dizer o que Poulantzas pensaria. E, a partir deles, fazer discursos académicos. Mas são incapazes de olhar a realidade brasileira, de tentar entender. Há um tipo de ciência social que é tão infecunda quanto a erudição antiga, gente que não sabia nada. Só citava. Só se lembrava do texto de um outro. Essa gente indignificava a inteligência, porque convertia a inteligência, que é um instrumento de compreensão e transformação do mundo, num ato de fruição. Era uma coisa masturbatória, muito ruim. Ciência social em grande parte, é isso. Lamentavelmente.” Mais de três décadas decorridas sobre o desabafo do saudoso Darcy, os áulicos continuam a infetar o campo da teoria, agem como ...

Santiago do Cacém, 24 de setembro de 2025

O sexto obstáculo á Mudança e à Inovação é a formação de professores. Esse obstáculo assenta no predomínio de uma cultura pessoal e profissional dos professores que convida à acomodação. E essa cultura é reforçada pela formação que ainda se vai fazendo.  O modo como os professores aprendem é o mesmo com que ensinam, pelo que toda a formação deveria fundar-se no princípio do isomorfismo. Porém, o que acontece é a prática de uma sistemática deformação operada nas salas de aula dos cursos de pedagogia e até mesmo nas faculdades de ciências da educação. Recentemente, mais uma “moda pedagógica” surgiu como mais um paliativo de um velho de obsoleto sistema de ensino: a formação para “dar aula” de desenvolvimento socioemocional dos alunos – como se numa aula semanal se pudesse cuidar do socioemocional dos alunos! Mas, ninguém fala de cuidar do socioemocional dos professores.  Há cerca de cem anos, a poeta e pedagoga Cecília Meireles isto escreveu: “Que lhes valeu todo o curso que fiz...

Macedo de Cavaleiros, 23 de setembro de 2025

“Para os Caminhantes, tudo é caminho" Este é o título do novo livro de Tolentino de Mendonça. Este título, escrito pela positiva não deixa de lembrar o seu contrário: "Para quem não quer caminhar, tudo são muros". E um parágrafo da apresentação do livro para "abrir o apetite": “Chegará o momento em que compreenderemos que sabedoria é amar tudo. É saudar os dias sem esquecer a importância das horas; contemplar as grandes correntes sem deixar de agradecer cada gota de orvalho, estimar o pão sem, no entanto, esquecer o sabor das migalhas” “Sabedoria é amar tudo”, mas uma profunda crise moral e ética se instalara na profissão de professor impedindo que ao amar se juntasse a coragem de agir. O Sistema os funcionarizara e condicionava os seus comportamentos e atitudes. Afetados de normose, sobreviviam numa obediência formal e na falsa autonomia da solidão da sala de aula. Eram já muitos os professores conscientes da necessidade e urgência da reconfiguração das prátic...

Mafra, 22 de setembro de 2025

De Petrópolis me chegou esta mensagem: “Bom-dia, querido, amigo. A boniteza de hoje vem dos frutos do pé de amora que você plantou aqui em Petrópolis no ENARC de 22. É tempo da colheita dos bons frutos e da semeadura de novos. Um abraço fraterno.” O André era um garimpeiro de beleza. Possuía um dom extraordinário, o de descobrir beleza oculta e de a partilhar. Na Petrópolis dos anos vinte, um oásis de seres sensíveis operava transformações. A Cecília porfiava pela continuidade do belo projeto do Alto Independência, mas a opinião pública mantinha-se alheia à necessidade de proteger esse e outros projetos de vis tentativas de destruição. Seria necessário repensar uma economia predatória e pensar um modelo de economia solidária. Mas, no campo educacional, insistia-se na manutenção de práticas instrucionistas, embora dispuséssemos de práticas potencialmente inovadoras – a vida das escolas se normalizara numa anormalidade.   Inexplicavelmente, apesar de tantos congressos e ações de...

Samora Correia, 21 de setembro de 2025

Numa madrugada de andarilhagem pelos cafundós da educação brasileira, passando pelo Agreste, aquilo que mais me chamou a atenção foi o cortejo de crianças, mochilas nas costas, esperando o transporte escolar. Conversei com algumas crianças e com a mãe de uma delas. A filha havia sido acordada cerca das cinco horas. Todos os dias era retirada do leito de madrugada. Cerca de uma hora, caminhava por estradas de pó e espinhos, até ao ponto onde o ônibus a esperaria, quando fossem sete horas.  No ônibus, as crianças dormitavam. O cansaço marcava o semblante de todas. Segui o trajeto do ônibus escolar. Aos trancos e barrancos, após meia hora de padecimento, num trajeto de buracos e alguns pedaços de estrada, eis-nos chegados a um prédio, que denotava abandono e a que chamavam… escola.   Na Brasília daquele tempo, crianças moradoras em São Sebastião, por não haver “vaga” – o conceito de vaga era um absurdo, um dos sutis modos de negar o direito à educação – eram obrigadas a enfr...

Sintra, 20 de setembro de 2025

Em tempos sombrios, existe a tendência para “naturalizar” fenómenos sociais como o da violência. Daí que considere ser necessário avivar memorias de um cortejo de horrores, que uma comunicação social sensacionalista e inconsequente banalizou. “Uma estudante de 19 anos chorou no velório, deu entrevistas pedindo justiça e dizia amar o pai. Mas por trás da cena de filha inconsolável, havia uma verdade sombria. Amanda foi presa, após confessar ter planejado a morte do próprio pai, assassinado a tiros enquanto dormia “Mãe mata filho. Corta o corpo em três pedaços e coloca numa panela de pressão” “Filho de professora é indiciado pela morte da mãe, por dívida de jogo.” “Padrasto incendeia casa e mata os três enteados.” “Adam tinha 16 anos. Tirou a sua própria vida, após 5 meses de conversas com o ChatGPT. Falaram longamente sobre métodos de suicídio, e o ChatGPT deu-lhe instruções passo a passo de como fazê-lo.” “Mãe mata quatro filhos e fica com os corpos em casa por 14 dias”. “Criança abusa...

Penalva do Castelo, 19 de setembro de 2025

Uma mensagem que já vos dei a conhecer continuava assim: “Ontem, apareceram aqui de surpresa por causa de uma denúncia. Fui pressionada para me calar e entrar no sistema. O Diretor disse que projetos como o da Escola da Ponte não valem nada.  Estávamos em diálogo com a secretária dele, esperando, há semanas, sem uma resposta. E nada! Já não sei o que fazer, estou sem dormir, doente, passando mal com toda essa situação. Eles não têm interesse na melhoria da qualidade da educação e estão burocratizando o processo.  Estou sendo muito desrespeitada. Mas o importante é que já tenho planos para o próximo ano. Não vou desistir tão fácil! E como professora não estarei refém de nenhum diretor moralmente fraco.  Tive uma conversa com ele. Foi categórico. Disse-me que esta escola tinha que ser como as outras, que uma escola tem que ensinar só português e matemática e pronto! Que o que os pais querem é que os filhos sejam doutores.  Um discurso arrogante e banal. Foi em vão a mi...

Ferreira do Zêzere, 18 de setembro de 2025

É bem verdade que o maior aliado de um professor é outro professor. Mas, como vos disse na cartinha de ontem, o maior inimigo também poderá ser outro professor. A Ponte conheceu as agruras da maldade infligida por professores de escolas próximas, da corrupção moral de professores funcionarizados e pela ação de lideranças tóxicas. O terceiro dos obstáculos e bem difícil de ultrapassar nos foi colocado por um sistema hierárquico, composto de castas, por uma administração educacional apoiada numa regulamentação da lei assente numa racionalidade técnico-instrumental e burocrática. Eis um caso exemplar: No final de um ano letivo, com assiduidade plena e significativas aprendizagens realizadas, os alunos da escola de Monsanto “reprovaram por excesso de faltas”.  A que faltas se referia o ministério, se os alunos estiveram em situação de ensino doméstico?  Os pais dos alunos optaram pelo ensino doméstico, o agrupamento de escolas deu luz verde ao processo e as crianças foram acompanh...

Macieira da Lixa, 17 de setembro de 2025

Por mais de cinquenta anos, cultivei os valores que a Ponte me inculcou. Na trilha de vida do meu amigo Krenak, vivi experiências coletivas, aprendendo autonomia relacional. Vivi companheirismo, aprendendo solidariedade ativa - rejeitei a competitividade negativa, para aprender responsabilidade social.  Em todos os lugares por que passei, isso encontrei. Mas, também, deparei com individualismo, egoísmo, desrespeito. Tentei contornar obstáculos. Compreendi que o maior obstáculo à mudança era eu e me dispus a reelaborar a minha cultura pessoal e profissional. Diz o Eclesiastes que há um tempo para cada coisa. E o Bob o citou, a par de outras canções do tempo em que eu partilhava o sonho do “Make Love, Not War”. No ano em que o Bob compôs “The Times They Are A-Changin”, decidi abandonar a profissão de montador eletricista, de me desviar de uma carreira de engenharia, para vir a ser professor. Processo lento e controverso, pois também se tratava de trocar um salário chorudo por um salá...

Gondomar, 16 de setembro de 2025

Contrariamente ao que dizia um jornal (cf. foto), não me considero melhor professor por me ter emancipado de práticas educacionais genocidas – como qualquer outro educador, apenas agi coerentemente, tomei uma decisão ética e. há mais de cinquenta anos, deixei de “dar aula” em sala de aula. Só isso! Compreendi que o ato de aprender não deverá estar centrado no professor, nem no aluno, porque não existe centro, apenas relação humana – uma relação que, na escola da sala de aula, carece de humanização.  Aprendi que aprendemos na intersubjetividade, mediatizados pelo objeto de estudo e pelo mundo, a partir de necessidades pessoais e sociais. Porém, nesse tempo, a menoridade das ciências da educação dificultava a erradicação do dispositivo central de um modelo educacional concebido no decurso da Primeira Revolução Industrial e que agonizava em meados do século XX.  Três ruturas paradigmáticas se sucederam em vertiginoso ritmo, sem que a Universidade se desse conta. Após décadas de a...

Boa-Água, 15 de setembro de 2025

Entre os meses de maio e setembro, enquanto padecia num leito de hospital, o tempo de Inatividade foi tempo de rever tempos idos e de esperar voltar as lides – difícil espera! Acolhido em família. A minha irmã Isabel me ajudou a sair de uma situação de fragilidade para regressar a uma “vida normal”. E os primeiros dias dessa transição coincidiram com o início de mais um ano letivo – o “regresso às aulas”. A televisão transmitia entrevistas com ministros e sindicalistas em reportagens idênticas a outras, que eu ouvira ao longo de mais de meio século acrescentadas da “falta de professores”.  Um falso problema, dado que, em muitos concelhos a ratio era de três alunos para cada professor. E nas sedes de muitos municípios os ditos “centros educativos” (autênticos “elefantes brancos”) estavam semidesertos de alunos. Por décadas, uma desastrosa política educacional havia provocado um autêntico genocídio educacional. A manutenção de um modelo educacional autoritário e corrupto fora respons...

Vila Nova de Gaia, 14 de setembro de 2025

O amigo Rubem dizia que os educadores deveriam ser esperançosos. Sabia que a esperança (de “esperançar”) nunca deverá ser adiada, pelo que envio palavras de Agostinho àqueles que recusam escutar: “É necessário que se resista, enquanto houver um fôlego de vida, mas que essa resistência seja sobretudo o contato com a realidade da força criadora; é esta que, afinal tudo, leva de vencida e reduz oposições a pó inútil e ligeiro.” É chegado o tempo de partilhar uma amálgama de vivências, caóticos retalhos, para o eventual leitor religar. Não mais do que isso, nada além de um fraterno convite para um exercício dialético, começando pela ação, para suscitar reflexão.  Aqui trarei retalhos de vida em lugares onde uma nova educação começa a tomar forma no chão das escolas.  Atrever-me-ei a sugerir propostas concretas de mudança. Por agora, apenas referências de atos primordiais, destinados àqueles que ousarem começar a criar alternativas à velha escola – isso mesmo: sinto que estamos a c...

Barcelos, 13 de setembro de 2025

No mês de abril do ano 2000, Rubem visitou uma escola, que viria a referir nas suas palestras, até ao fim da sua vida. A Escola da Ponte havia sido a primeira a consolidar a transição entre o paradigma da instrução – o do ensino centrado no professor – para o paradigma da aprendizagem.  Na esteira da Escola Nova, o aluno era o centro do ato de aprender. E o meu amigo surpreendeu-se com o elevado grau de autonomia dos alunos, comoveu-se com os prodigiosos gestos de solidariedade e manifestações de ternura, que ali presenciou.  Pela via da emoção, me trouxe para o Brasil e para ele vai a minha gratidão, nestas poucas linhas: Querido amigo, falando de tempo – essa humana invenção de que te libertaste –, reparo que já decorreram vinte e cinco anos sobre um remoto dia de abril, em que, pela primeira vez, partilhaste o cotidiano da Escola da Ponte e me convidaste a conhecer educadores do teu país.  Desde então, a minha peregrinação pelo Brasil das escolas não cessa, como não ce...

Candal, 12 de setembro de 202

Nos primeiros mil dias das nossas vidas, realizamos as aprendizagens fundamentais para a restante humana existência. A presença próxima (e até mesmo virtual) de parentes significativos, acaso os progenitores falecessem, melhoraria as taxas de sobrevivência de uma criança e a sua saúde física e mental. E vários estudos dos idos de vinte concluíam que uma criança tinha mais probabilidade de crescer feliz, se acompanhada pelos avós.  Por que se separava avô e neto de tenra idade? No cuidar dos netos, os avós transmitiam ensinamentos, desde aprender a caminhar até ao contar estórias – a comunicação emocional intergeracional se constituía em pilar básico de aprendizagem dos netos. Uma desumana organização social do trabalho afastava os pais do convívio com os filhos. Crianças de tenra idade eram “encaixotadas” em creches, os avós sofriam entre as quatro paredes de um asilo. Ciente das nefastas consequências de tais práticas, avós conscientes abdicaram de um emprego a horas certas e inve...

Mogi Guaçu, 11 de setembro de 2025

Aproveito estes dias de setembro, tempo de preparação de mais um ano letivo em Portugal, para convosco refletir sobre obstáculos e possibilidades de Mudança.   Escutemos o mestre Morin, que nos fala da necessidade de uma metamorfose, de uma reforma moral, lograda através de profundas mudanças no modo de educar e numa economia ecológica e solidária. Adotemos o princípio kantiano, que nos diz que o objetivo principal da educação é o de desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que ele seja capaz. E reconheçamos que “dar aula” em sala a prática da aula não permite alcançar esse desiderato. “Cedo se sente o incômodo: Considero que as minhas primeiras aulas foram uma coisa muito próxima do desastre.  Eu me lembro que ouvi muita reclamação. Os alunos reagiram, querendo, enfim, uma mudança daquilo.  Mas, os outros que davam aula também não eram muito diferentes de mim.  Os seminários eram desprestigiados – como ainda são. O pessoal não gosta de seminário, gosta...